ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 08.09.1998.

 


Aos oito dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e um minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à homenagear a passagem dos trinta e cinco anos dos Jogos Universitários Mundiais - Universíade, nos termos do Requerimento nº 143/98 (Processo nº 1783/98), de autoria do Vereador Décio Schauren. Compuseram a MESA: os Vereadores Carlos Garcia e Lauro Hagemann, na presidência dos trabalhos, nos termos do artigo 27 do Regimento; a Senhora Leda Argemi, Secretária Municipal Substituta dos Esportes, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Luiz Augusto Bastian de Carvalho, Diretor Técnico de Esportes da Universíade; o Senhor Cleomar Antônio Pereira Lima, Presidente do Conselho Regional de Desportos; a Senhora Lorena Rodrigues Araújo Peixoto, representante da Federação Universitária Gaúcha de Esportes - FUGE; o Coronel José Roberto Rodrigues, representante da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança; o Major Joel Prates Pedroso, Comandante da Escola de Educação Física da Brigada Militar; o Senhor José Haroldo Loureiro Gomes, Diretor do Departamento de Desporto do Estado do Rio Grande do Sul; o Vereador Décio Schauren, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Professor Paulo Alvarenga, Presidente da Federação Gaúcha de Tênis; do Senhor Raul Ramos, Presidente do Conselho Municipal de Esportes de Porto Alegre; do Senhor Édison Cardoso, ex-Presidente da Federação Universitária Gaúcha de Esportes - FUGE; do Senhor Henrique Licht; do Senhor Décio Krohn, Presidente da Sociedade Ginástica Porto Alegre - SOGIPA; do Senhor Luiz Carlos Maia, Membro do Conselho Regional de Desportos; do Senhor Edegar Christman, representante da Federação Gaúcha de Futebol; do Senhor Ibraim Gonçalves, Presidente da Associação das Federações Esportivas; do Senhor Nelson Oliveira, Intérprete por ocasião dos Jogos Universitários Mundiais; do Senhor Lélio Araújo, Presidente do Panathlon Clube. Também, foi registrada a presença do Senhor Valter Joni dos Anjos, ex-Presidente da Federação Universitária Gaúcha de Esportes - FUGE; dos Professores Valmir Zenari, Amilton, Jaime Verner dos Reis, Júlio Volp, Darci Araújo e Fernando Mabilde e do Senhor Nelson Guimarães, ex-Presidente da Federação de Karatê. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional, e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Décio Schauren, em nome das Bancadas do PT, PDT, PTB e PFL, historiou acerca da realização dos Jogos Universitários Mundiais na Cidade de Porto Alegre, destacando a atuação do Comitê Organizador e das demais entidades envolvidas nesse evento, na busca de disponibilizar a estrutura necessária para as práticas esportivas e para a acomodação dos atletas participantes. O Vereador Carlos Garcia, em nome das Bancadas do PSB, PPB, PSDB e PMDB, externou sua alegria por participar desta solenidade, falando de aspectos relativos à realização, em diversos pontos de Porto Alegre, das provas dos Jogos Universitários Mundiais, e discorrendo sobre a importância de atividades esportivas desta natureza, como expressão de harmonia entre os povos. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, saudando o transcurso dos trinta e cinco anos da realização dos Jogos Universitários Mundiais, ressaltou o significado desse evento para a Cidade de Porto Alegre, comentando a conjuntura histórica na qual os Jogos foram realizados e salientando que “o congraçamento das diversas equipes, vindas de todo o mundo, serviu para demonstrar que a convivência pacífica era possível através do esporte”. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências enviadas pelo Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo - EPATUR, e do Senhor Edgar Sanches Laurent, da Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência de Pelotas. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Cleomar Antônio Pereira Lima e Luiz Augusto Bastian de Carvalho, que teceram considerações acerca da realização, em Porto Alegre, dos Jogos Universitários Mundiais, destacando a importância desse evento para a integração da Cidade ao mundo esportivo internacional. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e nove minutos, convidando para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Garcia e Lauro Hagemann, nos termos do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelo Vereador Décio Schauren, Secretário "ad hoc". Do que eu, Décio Schauren, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Garcia): Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a passagem dos 35 anos dos Jogos Universitários Mundiais.

Convidamos para compor a Mesa a Sra. Leda Argemi, Secretária Substituta da Secretaria Municipal de Esportes, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Sr. Luiz Augusto Bastian de Carvalho, Diretor Técnico de Esportes da Universíade/1963; Sr. Cleomar Antônio Pereira Lima, Presidente do Conselho Regional de Desportos; Sra. Lorena Rodrigues Araújo Peixoto, representando a Federação Universitária Gaúcha de Esportes - FUGE; Cel. José Roberto Rodrigues, representando a Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança; Major Joel Prates Pedroso, Comandante da Escola de Educação Física da Brigada Militar; Sr. José Haroldo Loureiro Gomes - Diretor do Departamento de Desporto do Estado do Rio Grande do Sul - ARATACA.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Senhoras e senhores, ouviremos o proponente desta homenagem, Ver. Décio Schauren, que falará em nome das Bancadas do PT, PDT, PTB e PFL.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Quero também cumprimentar a Profa. Marli Heck, da Associação dos Moradores da Vila Olímpica, que foi uma das pessoas que bastante incentivou para que esse ato acontecesse.

Senhoras e senhores, imaginem um anúncio nos principais jornais dizendo que Porto Alegre será sede de uma competição olímpica de nível internacional, com participação de trinta e três países, mil e quinhentos atletas, disputando quarenta e cinco modalidades de esportes. Pouca gente acreditaria, mas isso já aconteceu em Porto Alegre. De 30 de agosto a 8 de setembro de 1963, aconteceram, aqui, os Jogos Mundiais Universitários. Porto Alegre foi o alvo das atenções do mundo inteiro, que acompanhava a presença dos melhores atletas do esporte olímpico universitário aqui na nossa Cidade.

A Universíade de 63, como ficou conhecido o maior evento esportivo já realizado em nossa Cidade, foi um sucesso, apesar de todas as dificuldades enfrentadas. Foi uma competição da mais alta qualidade, tanto que foram batidos vinte e seis recordes mundiais naqueles dias.

A escolha do Brasil para a realização da Universíade aconteceu em 1961. Era uma excelente oportunidade de redimensionar o País em suas relações internacionais. O relacionamento Jango/Brizola foi fundamental para a escolha interna. A escolha de Porto Alegre como sede da Universíade mobilizou toda a comunidade. O Comitê de Organização, presidido por José Antônio Aranha, reuniu as principais personalidades do mundo jornalístico, esportivo, militar, religioso e associativo da Federação Universitária da época. Dele também faziam parte Henrique Halpern e Luiz Bastian de Carvalho, encarregado da Direção Técnica e, felizmente, aqui presente.

Parecia quase impossível montar toda a infra-estrutura para uma competição daquele porte, mas o Ginásio da Universíade, que depois passou a ser o Ginásio da Brigada Militar, foi construído em tempo recorde. A Vila Olímpica, para a hospedagem dos atletas, foi montada num conjunto habitacional no Partenon, recém construído pela Caixa Econômica Estadual, tendo os compradores autorizado, em Assembléia Geral, a sua utilização para o alojamento das delegações. Por muito tempo continuaram escritos os nomes naqueles blocos da INTERCAP: Brasil, Europa, Ásia, África, América e Oceania.

Todos os grandes clubes da Cidade colaboraram com a cedência dos seus parques esportivos. A abertura e o encerramento da Universíade ocorreram no Estádio Olímpico. Um grande número de empresas também contribuiu para o bom funcionamento do transporte, alimentação e infra-estrutura em geral. A UFRGS montou um departamento de imprensa. Inclusive o Ver. Lauro Hagemann, que está aqui presente, funcionário da Universidade, foi uma espécie de locutor oficial e coordenador desse trabalho. Um grande grupo de tradutores e locutores trabalhou diariamente na transmissão de boletins em português, inglês, alemão, russo, espanhol, francês e italiano, através das ondas curtas, gratuitamente cedidas pela Rádio Guaíba.

Os diversos locais onde foram realizadas as competições sempre tiveram lotação esgotada, o que demonstra a participação e a vibração do público mesmo naqueles esportes menos conhecidos; mais do que isso, demonstra o apoio da população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul àquele evento.

A Hungria ficou em primeiro lugar, com dezenove medalhas de ouro, doze de prata e sete de bronze; a Rússia ficou em segundo lugar, com dezessete de ouro, doze de prata e treze de bronze; a Alemanha, em terceiro lugar, com dez de ouro, onze de prata e treze de bronze. Trinta e seis atletas gaúchos participaram da delegação do Brasil, que disputou todas as modalidades esportivas. O Brasil ficou em sétimo lugar, com duas medalhas de ouro, no vôlei feminino e no basquete masculino, e sete medalhas de bronze, o que pode ser considerado um bom resultado pela pouca tradição nos esportes olímpicos naquela época.

Nós tivemos o resultado final do vôlei feminino - Brasil 3 X Peru 0, com as seguintes atletas gaúchas: Susana, Içara, Diva, Diná e Leci; no basquete masculino, Brasil 106 X Cuba 80. Foi a grande sensação daquela Universíade. Atletas gaúchos: Túlio e Lawson.

Nesta Sessão Solene, nós queremos não só comemorar a passagem dos 35 anos da Universíade e relembrar a sua história e seus momentos inesquecíveis, mas queremos também mostrar do que uma comunidade é capaz quando se une. O congraçamento entre as diversas delegações e a própria população de Porto Alegre mostrou que, independente da formação étnica e política, a compreensão, a harmonia e a fraternidade podem ser realizadas no mais alto nível através do esporte olímpico universitário. Queremos incentivar as novas gerações à prática do esporte na busca do aperfeiçoamento, mas também como forma de combater a ociosidade e o consumo de drogas. Queremos cobrar o incentivo dos governos para a prática do esporte. No país do futebol, queremos mostrar que esporte não é somente futebol. Precisamos, cada vez mais, mudar a imagem de que os outros esportes são os “primos pobres” do futebol. Enfim, queremos contribuir para que um evento da magnitude e da importância da Universíade de 63 jamais seja esquecido e que sempre possa servir de aprendizado para as novas gerações.

Neste sentido, queremos conclamar a todos que tenham algum material histórico da Universíade - lembranças, objetos - para reunirmos esse acervo todo num lugar seguro para ser preservado. Iniciativas como o Museu do Esporte e o Centro de Memória do Esporte, da UFRGS, devem ser prestigiadas. É para isso que estamos aqui hoje. Parabéns Porto Alegre! Viva a Universíade! Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para falar em nome do PSB, PPB, PSDB e PMDB.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para nós é um momento de muita emoção revivermos os 35 anos dos Jogos Universitários Mundiais. O Ver. Décio Schauren foi muito feliz ao propor esse evento. Não vou falar do histórico porque foi feito agora, mas vou falar um pouco do que este evento significou para mim.

Em 1963, eu tinha onze anos, praticava basquete no Sport Club Internacional. Naquela oportunidade, eu participei dos Jogos Escolares, na modalidade de atletismo. Fui vencedor nas provas de corrida e salto em distância e, como prêmio, recebi vários ingressos de uma multinacional que ainda continua investindo no esporte, a Coca Cola. Assim tivemos a felicidade de presenciar a abertura do evento no estádio que, a partir daquele momento, ficou sendo denominado Estádio Olímpico, Estádio do Grêmio Futebol Porto-Alegrense, onde havia uma pista de 400m. Naquela oportunidade a grande pista era da Sociedade Ginástica Porto Alegre. Tivemos um contato de perto com o atletismo, e também foi a primeira vez que assisti a um jogo de tênis em minha vida. Foi no Leopoldina Juvenil. Com o ingresso na mão, tive a curiosidade de assistir aos saltos ornamentais no Grêmio Náutico União. Mas aquele, sem dúvida, foi e é ainda o maior evento que o nosso País fez em nível de América, porque tivemos a Copa do Mundo, em uma modalidade específica, agora englobando várias modalidades. E aqui não vai nenhum bairrismo, porque estamos todos em casa e somos todos gaúchos. Realmente, aquele evento simbolizou muito porque no Brasil nós ainda não conseguimos efetuar novamente jogos daquela magnitude. Em Porto Alegre, conseguimos realizar alguns jogos, em nível brasileiro, universitário, compreendendo várias modalidades. Em 1971, lembro do Prof. Valter Jones, que está aqui presente, quando tivemos a oportunidade de realizar o JUB - Jogos Universitários Brasileiros. Em 1976, houve os Jogos Escolares Brasileiros. Inclusive estão aqui algumas pessoas que participaram: o Maia, Santa Maria, o Valter e outros que participaram do evento, mas não diretamente ligados à Secretaria de Educação. Neste ano, haverá os Jogos da Juventude após vinte e dois anos, que engloba várias modalidades.

Então, o Rio Grande do Sul tem um manancial muito grande, porque somos um povo formado por diversas raças. Nós temos essa capacidade de provar aos demais que somos pessoas organizadas e com grande potencial desportivo. Notamos que, nos últimos anos, o Rio Grande do Sul foi campeão de basquete, vôlei, remo, futsal, e nos esportes individuais há atletas brilhando em nível nacional e mundial. Esse manancial que temos faz com que essa pujança tenha de ser cada vez mais desperta. Sempre agradeço a Deus por ser muito feliz, porque, no ano passado, tive o privilégio de o meu filho ter participado de uma Universíade, sendo o único atleta do Rio Grande do Sul na modalidade atletismo, participando da Universíade na Itália, fazendo o lançamento do martelo.

Essas são as coisas que recebemos da vida. E é por isso, por iniciativa do Dr. Henrique Licht, que fomos proponentes da criação do Museu do Desporto em Porto Alegre, porque um povo que não tem memória se perde. Vejo aqui a Marli Heck, o cuidado que ela tem. É moradora da Vila Olímpica e cuida do acervo com carinho e muito zelo. Há poucos dias faleceu Otto Pedro Bumbel e no IPA vamos receber o seu acervo bibliográfico e a sua família vai também nos conceder acervo da sua vida pessoal, porque ele foi o primeiro treinador de futebol que recebeu um título fora do governo e queremos que este manancial esteja ao acesso de todos.

Agradeço a todos aqui presentes, pois são pessoas que fazem parte da história do desporto do Rio Grande do Sul e cada um tem este compromisso de levar em frente a memória do nosso desporto, porque um povo que não tem memória é um povo que se perde. Mas nós, gaúchos, temos memória, poder de organização e um potencial muito grande na prática desportiva. Por isso, saudamos, mais uma vez, o Ver. Décio Schauren por esta iniciativa e agradecemos a presença de todos, porque há poucos dias o Lélio disse que o Panathlon também quer ficar responsável por este Museu do Desporto, porque são as pessoas que verdadeiramente conhecem e sabem a história. Parabéns a todos. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registro a presença dos componentes da Mesa. Presidente da Federação Gaúcha de Tênis, Prof. Paulo Alvarenga; Presidente do Conselho Municipal de Esportes de Porto Alegre, Sr. Raul Ramos; ex-Presidente da FUGE e membro do CRE, Sr. Édison Cardoso; Sr. Henrique Licht; Presidente da SOGIPA, Sr. Décio Krohn; membro do CRD, Sr. Luiz Carlos Maia; Conselheiro do Conselho Regional de Desportos e representante da Federação Gaúcha de Futebol, Sr. Edegar Christman; Presidente da Associação das Federações Esportivas e Conselheiro do CRD, Ibraim Gonçalves; participante como intérprete da Universíade, Sr. Nelson Oliveira; Presidente do Panathlon Clube, Sr. Lélio Araújo.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Garcia): Queremos também registrar a presença do ex-Presidente da FUGE e membro do Conselho Regional de Desportos, Sr. Valter Joni dos Anjos; ex-Presidente da Associação dos Profissionais do Rio Grande do Sul e Federação Brasileira do Profissionais de Educação Física, Prof. Édison Cardoso.

Gostaria também de fazer um registro. Falamos em nome da Bancada do PPB e o Ver. João Dib solicitou que disséssemos que, na oportunidade, ele era Secretário dos Transportes e muito se empenhou na sua secretaria por esse evento.

Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, que falará pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje é uma data evocativa de grande significação para esta Cidade. Porto Alegre teve o privilégio de ser a única cidade brasileira, até hoje, a sediar uma Universíade. Há 63 anos, assistimos a esse evento esportivo, social, cultural e internacional. Não podemos esquecer o que isso significou para a Porto Alegre de então. Já foi feito o relato das delegações participantes, dos eventos esportivos, mas temos que ressaltar um fato: que, infelizmente, não teve prosseguimento. A Universíade deveria ter significado o alavancamento do esporte universitário neste País, a exemplo da maioria dos países que aqui vieram participar da Universíade, que tinham e têm, nas suas universidades, um elenco esportivo da melhor qualidade, que mantêm, até hoje, as melhores tradições do esporte no mundo. Infelizmente, em nosso País, não tivemos essa continuidade e até hoje as nossas universidades patinam ainda na falta de uma solução para o esporte universitário. Praticamos modalidades esportivas em nível universitário, mas não na medida em que seriam necessárias, idealisticamente falando. Porque o potencial universitário brasileiro é muito grande. Quase todas as modalidades esportivas que são praticadas no Brasil são praticadas por universitários, mas não há a correspondência entre universidade e prática desportiva; os clubes açambarcaram essa predominância.

Um outro aspecto da Universíade foi que em 1963 nós estávamos em plena Guerra Fria e o congraçamento das diversas equipes, vindas de todo o mundo, serviu para demonstrar que a convivência pacífica era possível através do esporte. O esporte era um veículo de paz, de convivência, não de disputa ideológica. Isso ficou muito claro para nós.

O exame sociológico, econômico e esportivo da Universíade ainda não foi feito com toda a profundidade que merece. Temos relatos esparsos e creio que uma das coisas que devemos propugnar, inclusive nós, remanescentes daquele episódio, é para reunirmos o acervo dessa Universíade e fazer a sua interpretação e, sobretudo, mostrar aos pósteros, que são até os de hoje, o que significou a Universíade - 63. Temos que nos empenhar para conseguir isso, seja através da Universidade, seja através do Estado, seja através da Prefeitura, porque todas essas esferas de poder colaboraram para a Universíade. E também a sociedade como um todo. Não podemos esquecer a comunidade, que participou ativa e decisivamente na Universíade. A Cidade de Porto Alegre foi palco de um espetáculo de magnificência inexcedível. Isso se reflete na nossa história e deve-se refletir na nossa história. Nós temos que considerar isso para que um episódio como esse, que foi o único na história deste País, não se perca no tempo, que ele seja aproveitado como uma lição.

Por isso, foi muito feliz o Ver. Décio Schauren, que é ligado à Universidade, ao propor esta Sessão de reminiscência. Entre as pessoas que estão aqui presentes, eu lembro de vários que participaram da Universíade. Éramos todos jovens idealistas e a Universíade foi um gesto de rebeldia, um gesto de afirmação de uma fatia da sociedade que não se conformava com o imobilismo. Nisso também reside um dos aspectos importantes a ser destacado, pois, se tivesse sido organizada com planejamento prévio, com uma série de condicionantes, talvez a Universíade não tivesse se realizado. Ela resultou de um movimento de rebeldia. E o resultado está aí. Santa rebeldia! Tomara que possamos reeditá-la a cada ano e por todo o tempo afora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar, como extensão da Mesa, as presenças dos Professores Valmir Zenari; Amilton, de Santa Maria; Jaime Verner dos Reis, que foi Coordenador de Natação da Universíade; Júlio Volp, que foi atleta de voleibol na Universíade pelo Brasil naquele ano; Sr. Darci Araújo, integrante do Comitê Executivo da Universíade como Coordenador-Geral; Prof. Mabilde e Sr. Nelson Guimarães, ex-Presidente da Federação de karatê.

Recebemos do Diretor-Presidente da EPATUR, João Carlos Vasconcellos, o seguinte comunicado:

“Sr. Presidente, ao acusar o recebimento do seu convite para a Sessão Solene destinada a homenagear a passagem dos 35 anos dos Jogos Universitários Mundiais - Universíade, informo a V. Exa. que, em face de compromisso anteriormente assumido, não poderei comparecer.”

Do Sr. Edgar Sanches Laurent, da Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência, de Pelotas:

“Sr. Presidente, acuso o recebimento do convite para participar da Sessão Solene em homenagem aos 35 anos da Universíade. Lamentavelmente, haverá reunião do Conselho Fiscal da Companhia que dirijo, com conselheiros vindos de Brasília, o que me impede de viajar. Tenho certeza de que as iniciativas sugeridas por proposição do Ver. Décio Schauren enaltecem essa Casa Legislativa e prestigiam aqueles que trabalharam para que o evento se realizasse no Rio Grande do Sul.”

O Sr. Cleomar Antonio Pereira Lima está com a palavra.

 

O SR. CLEOMAR ANTONIO PEREIRA LIMA: Ver. Carlos Garcia, Presidente desta Sessão Solene em homenagem à Universíade - 1963; Ver. Décio Schauren; Profa. Leda Argemi, representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em especial, saúdo o jovem Darci Araújo, Vice-Presidente do Conselho Diretivo da Universíade - 1963; Prof. Júlio Volpi; atleta de voleibol da Seleção Brasileira; Prof. Jaime Verner dos Reis, Diretor Técnico de Natação daquele grande evento; Lélio Araújo, Departamento de Natação; Henrique Licht, com a sua organização, com seu apoio e conhecimento histórico. Ver. Carlos Garcia, gostaria de saudar um homem que, ao iniciar a Universíade, alguns meses antes teve a incumbência de ser o organizador, o homem que fez o trabalho técnico: Dr. Luiz Augusto Bastian de Carvalho.

O que foi dito da Universíade ao longo desses trinta e cinco anos? Centenas de linhas foram escritas, faladas, ditas, televisionadas. O que poderia eu dizer que não foi dito, que os senhores não saibam? Creio que poderia dizer algumas coisas que as taquígrafas poderão registrar nos Anais de Porto Alegre, o que muito me honrará neste momento em que me foi dada a palavra, dizer algumas coisas das nossas tertúlias na Praça da Alfândega, dos nossos jantares pobres no Treviso. E ali começou a história da história, Ver. Lauro Hagemann, se me permite dizer alguma coisa, Ver. Décio Schauren, aduzir alguma coisa que o ilustre amigo falou, Ver. Garcia.

Algumas coisas precisam ser lembradas. Por que a Universíade no Brasil? Por que no Rio Grande do Sul? Por que em Porto Alegre? Nada aconteceu por acaso. Foram, de fato, Ver. Lauro Hagemann, tertúlias de uma juventude, loucuras de uma juventude, que os jornais, Ver. Décio Schauren, os jornalistas, os periodistas não acreditavam. Ninguém acreditava que aquele bando de jovens poderia fazer isso no Rio Grande do Sul. Mas onde começou? Por que começou? A partir da década de 50 o Rio Grande do Sul começa a despontar no cenário nacional com o seu potencial atlético. Isso em vários esportes. E o manancial desses esportes estava onde? Nas escolas, Prof. Argemi, de segundo grau e de primeiro grau e nas universidades e nas faculdades. Os campeonatos que aqui se disputavam, de jogos universitários, eram coisas fantásticas, extraordinárias.

Não sei qual o meu tempo Vereador, mas peço vênia para terem um pouco de paciência, que contarei um pouco dessa história. Poderei ser um pouco demorado, mas creio que no final irá valer a pena.

No Rio Grande crescia, e no Brasil também estava começando a se desenvolver, o esporte universitário, o esporte amador, a tal ponto que o Rio Grande do Sul comparece num dos jogos universitários em São Paulo, no ano de 1954, e faz um feito extraordinário em voleibol, basquetebol, esgrima, ginástica, remo, natação. Enfim, atividades propícias e inatas ao nosso homem do Sul, que é forte e bem-alimentado. E o Rio Grande do Sul foi sucesso naqueles jogos universitários e brasileiros em 1954. E a FUGE - Federação Universitária Gaúcha de Esportes, em razão disso, crescia.

Em 1955 o Brasil foi, pela primeira vez, disputar uma Universíade em San Sebastian, Prof. Luiz Augusto Bastian de Carvalho, e não teve ainda nenhum atleta do Rio Grande do Sul representando a seleção nacional. Houve possibilidades de convocações. Assumia a FUGE, nesta época, um nome que não pode ser esquecido em momento algum, que se chama Engº Adonis Escobar. Nosso grande amigo Adonis, ao assumir a Presidência da FUGE, idealista, cercou-se de um grupo de jovens atletas, dirigentes e começou a fazer um trabalho extraordinário, a tal ponto que Porto Alegre sediou os primeiros jogos universitários brasileiros no Rio Grande do Sul, em 1956.

Coronel Nascimento, foi uma festa fantástica. Porto Alegre virou de cabeça para baixo. Nunca se viu coisa igual no Rio Grande do Sul - jogos brasileiros de 1956. E a pujança da juventude gaúcha foi extraordinária, e nos ombreamos com os melhores atletas do Brasil na época - Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais - e fizemos uns jogos extraordinários e politicamente crescemos no cenário nacional, a tal ponto que, em 1957, pela primeira vez, três atletas do Rio Grande do Sul foram convocados para a Seleção Nacional Universitária, e esses três atletas integraram a Universíade de 1957 em Paris: nosso querido e saudoso amigo Karl Kopitick, nosso querido Paulo Almeida, em salto em altura, e esse que vos fala. Fomos a Paris representando o Rio Grande do Sul e a Seleção Nacional. Recordo-me que a questão política, Ver. Lauro Hagemann, era muito interessante na época e a política universitária, a política estudantil era muito forte: CEURGS, FAURGS, CBDU, UNE. Era uma coisa extraordinária, fantástica. E a FUGE começava a despontar no cenário nacional.

Recordo-me que Adonis Escobar chegou para mim, dias antes de viajarmos, e isse-me: “Procura ver como são os bastidores da CBDU para nós realizarmos em Porto Alegre uma Universíade.” Aquilo me soou como uma brincadeira. Fomos para essa Universíade, voltamos da Universíade e ele me questionou. Eu respondi que não tinha feito nada, porque aquilo que ele disse para mim foi brincadeira. E essa brincadeira prosseguiu. Assume a FUGE um cidadão chamado Dr. Henrique Halpern, o “ferrugem”, e antes dele existia um jovem idealista, o Darci.

Darci, nas nossas noitadas, nas nossas tertúlias, dizia que iria realizar no Brasil, em Porto Alegre, a Universíade de um determinado ano. Não acreditávamos. E, aí, o Rio Grande do Sul continuou poderoso nos jogos universitários, a tal ponto que, em 1959, novamente vários gaúchos foram convocados para os Jogos de Turim, entre eles, este que vos fala. A ebulição do cenário esportivo nacional, rio-grandense, os clubes, as faculdades, os jogos brasileiros, os jogos gaúchos universitários... Era uma coisa extraordinária que o Rio Grande do Sul vivia a essa época, a tal ponto que nós, os políticos das nossas universidades, dos nossos clubes, começamos a influenciar de tal forma o cenário nacional, que fomos aos Jogos Universitários de Niterói em 1961. Era Governador do Estado do Rio de Janeiro Roberto Silveira, hoje falecido; o Governador do Estado do Rio Grande do Sul era o Sr. Leonel Brizola e o Presidente da República era Jânio Quadros.

A influência do Rio Grande do Sul passou a ser notada no Brasil inteiro, a tal ponto que, nos Jogos de Niterói, o grande sucesso em todas as atividades, socialmente e culturalmente, era o Rio Grande do Sul, a tal ponto que o Governador Roberto Silveira ofereceu um jantar para os gaúchos, oficialmente, no Palácio em Niterói. Foi uma festa fantástica que criou uma ciumeira no Brasil inteiro. E nós fomos politicamente nos adonando do cenário nacional. Nessa época, a chama Universíade era pujante. Jânio Quadros foi instado a trazer para o Brasil jogos dessa natureza em razão da política que o Ver. Lauro Hagemann acabou de dizer: era a política que ele fazia da coexistência pacífica. Esse era o nome que o Jânio dava. Cada país podia fazer a sua política sem ter a interferência de terceiros. Nos jogos de Sophia, na Bulgária, em 1961, Jânio mandou um diplomata brasileiro para acompanhar os jogos e tentar trazer para o Brasil a Universíade.

O Rio Grande do Sul, através dos seus políticos, Darci de Araújo, Henrique Halpern, participava do cenário nacional com uma tranqüilidade, com um trânsito livre extraordinário, a tal ponto que eles estavam em Londres, em um Congresso Internacional da FISU, quando grande murmúrio começou a acontecer porque o Brasil tinha interesse em trazer os jogos. O murmúrio era que o Presidente da República do Brasil tinha renunciado. E, naquele momento, não havia mais confiança no Brasil. E um cidadão do Rio de Janeiro chamado Dr. Francisco Horta levantou-se e disse: “O Presidente do Brasil pode ter renunciado, mas o povo brasileiro não!” Foi feita essa manifestação patética em Londres, onde estavam todos os presidentes e dirigentes do mundo universitário esportivo e do mundo olímpico, porque o mundo universitário e o mundo olímpico se confundiam, havia uma simbiose. E, aí, o Brasil e dois outros países continuaram ainda no índex, com a possibilidade de realizarem os jogos.

Veio ao Brasil o Presidente da FISU, Sr. Primo Nebiolo, para ver as condições que aqui existiriam.

 

O SR. PRESIDENTE: Para concluir, Sr. Cleomar Lima.

 

O SR. CLEOMAR ANTONIO PEREIRA LIMA: Eu não vou conseguir concluir. A história tem seqüências. Nas comemorações dos 40 anos eu voltarei, Ver. Carlos Garcia, para seguir de Primo Nebiolo em diante. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Luiz Augusto Bastian de Carvalho está com a palavra.

 

O SR. LUIZ AUGUSTO BASTIAN DE CARVALHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tudo o que poderia ser dito sobre a Universíade foi dito pelos oradores que me antecederam. Permitam, então, falar do que representa para nós este ato de hoje que a Câmara Municipal leva a efeito, relembrando algo que ocorreu há 35 anos.

Como foi dito pelo Cleomar, a Universíade foi um ato de loucura que deu certo. Aqueles cinco jovens que eram da Comissão Executiva - o Henrique Halpern, o Darci Araújo, o Edgar Loran, o Carlos Alberto Julian e o Adonis Escobar - conseguiram mobilizar não a Cidade de Porto Alegre, não o Estado do Rio Grande do Sul, não o País, mas trouxeram para cá um mundo desportivo num ato de coragem como nunca havia sido visto. Começando do zero, chegaram à glória de realizar jogos olímpicos universitários na nossa Cidade. Foi o único realizado na América Latina. Não houve outro. Foi o primeiro.

Cabe a nós agradecer a esta Câmara por trazer a lembrança de todos para o evento. Todas as memórias podem ser divididas: as puramente pessoais ou privadas, ou as partilhadas ou sociais. As memórias privadas não compartilhadas morrem com o indivíduo. A social sobrevive. A capacidade notável do homem para arquivar e recuperar memórias partilhadas é o segredo evolucionário da nossa espécie. Esta Câmara, ao promover esta Sessão Solene, compartilha com a população da sua memória, levando-a, inclusive, às novas gerações, que, atualmente, passam a conhecer a Universíade através deste ato. A esses jovens que não eram nascidos em 1963 eu faço um apelo: para que tenham a coragem que tiveram aqueles cinco jovens de então, porque tudo que valeu a pena fazer certamente valerá a pena fazer de novo. Façam-no.

Muito obrigado à Câmara por esta homenagem que presta aos participantes e, principalmente, à Universíade.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Cleomar Antonio Pereira Lima está com a palavra.

 

O SR. CLEOMAR ANTONIO PEREIRA LIMA: Ver. Carlos Garcia, que preside os trabalhos, Ver. Décio Schauren, Ver. Lauro Hagemann. Em nome de todos os dirigentes e atletas da Universíade, tenho certeza de que, ao fazer esse pleito aos Srs. Vereadores, nós estaremos resgatando, Porto Alegre estará resgatando uma história e fazendo uma homenagem mais do que merecida aos cinco membros do Comitê Executivo, os quais, nesses trinta e cinco anos, não receberam sequer um agraciamento de qualquer natureza, e pediria que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre pudesse, como bem entender e da forma que achar mais conveniente, resgatar essa memória e essa lembrança desses cinco homens, dos quais hoje são apenas dois vivos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Cleomar, tenha a certeza de que este Vereador vai levar esta proposição à Mesa Diretora da Casa.

Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.) (Palmas.)

 

Agradecemos a presença de todos. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Encerra-se a Sessão às 18h29min.)

 

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